Internação em clínica de obesidade ou cirurgia bariátrica?

Você acha que já tentou de tudo para emagrecer e por isso está seriamente pensando em fazer uma cirurgia bariátrica?  Não faça isso sem antes passar pela experiência de internação em uma clínica de tratamento para obesidade. 

Você sabia que bariátrica vem do grego: Baros = peso e iatros = tratamento?  Então essa é a cirurgia de tratamento de peso ou bariatrica que tem esse nome desde 1960. E basease-se em diminuir, inutilizando ou cortanto um pedaço do estômago e/ou intestino, com o objetivo de ajudar obesos no emagrecimento. 

A cirurgia de redução de estômago, como popularmente é chamada, é uma medida extrema sugerida quando todos os outros métodos de tratamento da obesidade não funcionam por no mínimo 2 anos. Sejam tratamentos psicológicos, farmacológicos, de restrição alimentar e atividade física. 

E que fique claro que abandono de tratamento não significa falência do tratamento. Na verdade, o abandono do tratamento conservador (ou seja, não cirúrgico) é um grande sinal para contra-indicar também a cirurgia bariátrica, pois haverá grande chance de reganho de peso. 

Assim, se você realmente quer ter parte do seu estômago cortado, restringindo sua alimentação à 50ml de líquidos por vez durante algumas semanas e estar mais susceptivel à deficiencias nutricionais para o resto da vida, você deve estar realmente consciente de que tentou o seu melhor para não perder peso de uma outra maneira.

Neste artigo você vai entender um pouco mais sobre as indicações e o pré-operatório da cirurgia bariátrica.

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Se você não estiver pronto para a cirurgia, poderá ganhar peso novamente. Um ano após a operação, 15% dos pacientes retornam ao peso de antes.

Com o aumento da obesidade, o número de cirurgias bariátricas continua crescendo. O Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgia bariátrica no mundo, com mais de 100.000 cirurgias  em 2016 e em 2018 esses números chegam a ser mais de 150 mil! Perdemos apenas para os Estados Unidos.

Apesar dos números expressivos nos dois países, brasil e estados unidos, são poucos os estudos que acompanham por um longo período a qualidade de vida das pessoas operadas e o mais famoso deles é um estudo Sueco e que se mantém como uma referência para dizermos que é melhor fazer a cirurgia bariátrica do que não fazer. 

Existem várias técnicas de cirurgia bariátrica e a mais eficiente delas, chamada de bypass gástrico em Y de Roux, um estudo de um serviço brasileiro indica uma uma taxa de reganho de peso de 15% dor pacientes no segundo ano da cirurgia. (1)

Quais são as taxas brasileiras de reganho de peso após 10, 15, 20 anos de cirurgia bariátrica?

Só vamos responder essas perguntas quando os serviços de tratamento de obesidade mantiverem o seguimento dos seus pacientes e publiquem suas casuísticas.

Na tentativa de normatizar a indicação e fornecimento da cirurgia bariátrica pela saúde pública brasileira, o Ministério da Saúde institui as diretrizes para a atenção ao paciente portador de obesidade grave. 

São duas as portarias que normatizam o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo indicações e uma necessidade de equipe multiprofissional. São elas:

PORTARIA Nº 424, DE 19 DE MARÇO DE 2013 Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.

PORTARIA Nº 425, DE 19 DE MARÇO DE 2013
Estabelece regulamento técnico, normas e critérios para a Assistência de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade.

Para quem a cirurgia bariátrica deve ser considerada?

Antes de mais nada, a cirurgia bariátrica somente deve ser considerada para pacientes com índice de massa corporal maior ou igual a 40 kg/m2 (Obesidade Grau III). 

Ou pacientes com índice de massa corporal entre 35 e 39,9 kg/m2, que apresentes comorbidades desencadeadas ou agravadas pela obesidade, tais como pessoas com alto risco cardiovascular, Diabetes Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle, apneia do sono e doenças articulares degenerativas. 

Contudo, apenas estar dentro desse critério não é suficiente para a indicação cirúrgica. Lembre-se que este o último recurso no tratamento da obesidade e não está isento de riscos para a saúde. 

Por isso deve existir uma falha documentada de tratamentos clínicos protocolados, por no mínimo 2 anos, comprovado por relatório profissional.  Se isso não acontecer, logo a cirurgia bariátrica não está indicada pois não foram esgotadas todas as possibilidades. 

Algumas doenças podem causar obesidade, como hipotireoidismo e Cushing. E assim, elas devem ser pesquisadas e tratadas que logo, a obesidade ocasionada por elas também será tratada. 

Crianças e adolescentes menores de 16 anos não podem fazer a cirurgia. Na verdade os jovens têm uma capacidade de recuperação incrível quando recebem os alimentos educação física apropriada.  

Não há uma idade máxima para indicar a cirurgia bariátrica e o médico deve avaliar o risco benefício.

Para se submeter ao procedimento, o paciente deve ter capacidade intelectual para compreender todos os aspectos do tratamento cirúrgico e deve manter o compromisso com o seguimento pré e pós-operatório, por tempo indeterminado.

E tem mais, não deve apresentar dependência química a álcool e/ou drogas ilícitas nos últimos 5 anos. Não pode ter diagnóstico de distúrbio psicótico grave, história de transtornos alimentares, como a bulimia, doença psiquiátrica não compensada (consulta com psiquiatra se necessário ou história de tentativa de suicídio nos últimos 2 anos.

E ainda, o paciente que queira realizar a cirurgia bariátrica deve abster-se totalmente do tabagismo por período mínimo de 90 dias.

Sendo o Brasil o segundo maior país em número de cirurgias bariátricas, eu me pergunto se realmente TODOS esses critérios estão sendo obedecidos.  E se estão, deveríamos ter mais dados sobre o seguimento dos pacientes no pós-operatório. 

Contra-indicações à cirurgia bariátrica:

Vale aqui ressaltar os transtornos de comportamento alimentar, bastante comuns em obesos, representam uma contra-indicação à cirurgia bariátrica.  O Transtorno compulsivo alimentar periódico é bastante comum em obesos, devendo ser diagnosticado e tratado.

O tratamento adequado desses transtornos vai auxiliar na perda de peso e evitar um procedimento cirúrgico. Afinal, a cirurgia bariátrica não trata a mente do paciente. 

Por isso a avaliação psicológica com aplicação de testes psicológicos e entrevistas semi-estruturadas são úteis.

Transtornos psicóticos graves são contra-indicação da cirurgia bariátrica. Se necessária, comprovados mediante avaliação psiquiátrica.

História de dependência química nos últimos 5 anos, tentativa de suicídio nos últimos 2 anos, insuficiência orgânica grave (hepática, cardíaca ou renal) e doença neoplásica ou infecciosa em atividade também contra-indicam o procedimento.

 
 

O nutrólogo é um médico clínico, que além de realizar a avaliação clínica do paciente e tratamento das comorbidades, vai auxiliar no tratamento adequado da obesidade.

Conhecer o paciente, como ele se alimenta, qual a qualidade e quantidade do alimento são informações úteis na decisão da melhor técnica cirúrgica para o paciente.

Esta avaliação nutrológica também inclui a documentação da historia da obesidade do paciente, e como foram as tentativas de tratamento anteriores, quais medicações utilizadas, quanto foram as perdas ponderais. Se houve recuperação de perda de peso durante o período que tratou, se o paciente teve tratamentos interrompidos ou abandonou tratamentos.

Abandonos de tratamentos aumentam também as chances de reganho de peso após a cirurgia bariátrica.  

Além do exame físico geral, também é feita a antropometria (peso, estatura IMC, dobras cutâneas e circunferências) e a busca por sinais deficiências nutricionais.

Os exames mínimos necessários para a avaliação da cirurgia bariátrica são:

Os exames de sangue solicitados pelo médico nutrólogo podem incluir: sorologias, Hepatites B e C, sífilis e HIV. Hemograma, perfil de ferro (ferro sérico, TIBC e Ferritina) Albumina + proteínas totais, não é incomum encontrar obesos com albumina baixa.

Glicemia de jejum, TSH, função renal e hepática.
Eletrólitos (sódio, potássio, cálcio fósforo e magnésio)
Lipidograma, e vitaminas (A, E, D, C, B12 e Ac Fólico)
Opcionais: insulina basal, zinco cobre e  Beta-HCG em mulheres em idade fértil

Outros exames:
A endoscopia digestiva alta com pesquisa de H pylori. É importante verificar o estômago, pois, a depender da técnica, uma parte do órgão não poderá mais ser avaliado após a cirurgia.

A ultrassonografia de abdome total também é importante para encontrar cálculos biliares. Pois as presença de litíase, vesícula deve ser retirada. Mesmo se não tiver cálculo, o cirurgião poderá retirar a vesícula pois aumenta-se a incidência de cálculos biliares com a perda de peso.
Provas de função pulmonar também são importantes.

Tratamento de Obesidade com Equipe multidisciplinar

Uma equipe multidisciplinar é composta por diferentes profissionais de saúde que complementam em suas competências para promover um cuidado mais acertivo no tratamento da obesidade.

É muito importante a mudança de hábitos alimentares que pode ser orientado com o auxílio do nutricionista. Este profissional também auxilia no monitoramento da perda de peso antes e depois do pós-operatório.

Grupos de conscientização para trabalhar o funcionamento psíquico do obeso, prepará-lo frente às mudanças que irá enfrentar, desmistificar sobre a cirurgia bariátrica em geral e reforçar as informações e esclarecer dúvidas.

Os pacientes acham que não vão mais precisar fazer dieta após a cirurgia. Quando na verdade, o estômago vai ficar tão pequeno que não será possível ingerir mais de 50 ml de volume por refeição.

Perder peso antes da cirurgia bariátrica minimiza os riscos.
É papel do nutrólogo indicar e também contra-indicar a cirurgia bariátrica. Dando a devida atenção aos transtornos psiquiátricos. Identificar e barrar pacientes com potenciais para complicações no pós-operatório, pacientes não aderentes, que interrompem tratamento ou que não estão motivados devem primeiramente realizar um tratamento não cirúrgico e iniciar a perda peso.

É importante perder peso no pré-operatório. Isso facilita as condições na cirurgia, evitando complicações que podem ocorrer quando o paciente não perde peso.

É recomendável uma perda de 10% do peso, ou até 15% do peso corporal, no caso dos obesos grau III, vai facilitar a realização da cirurgia, acelera a recuperação do paciente no pós-operatório e aumentam as chances de sucesso na manutenção da perda do peso após anos da cirurgia.

Se o paciente com obesidade consegue perder 10 a 15% do peso, este é o momento de avaliar se quer adiar um pouco mais a cirurgia e manter as mudanças de hábitos e estilo de vida que estão dando certo.

Isso é o ideal na Clínica de Longevidade.

Entre em contato para conhecer nosso serviço para te auxiliar a perder peso, te preparar para a cirurgia bariátrica ou, até te ajudar a emagrecer com mudanças de hábitos e estilo de vida. Fale conosco!

1. Silva RF da, Kelly E de O. Reganho de peso após o segundo ano do Bypass gástrico em Y
de Roux TT – Regained weight after the second year of the gastric Bypass and Y ofRoux.
Comun ciênc saúde [Internet]. 2013;24(4):341–50. Available from:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/ccs/reganho_peso_apos_segundo_ano.pdf

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Escrito pela Dra. Suellen Vieira Araújo (CRM-RJ 95182-0)

Confio na capacidade inata do corpo humano de curar-se. Este maravilhoso corpo humano, com uma mente inteligente e disciplinada, munida de conhecimento, será capaz de se manter saudável e equilibrado, sozinho, com autonomia e sustentabilidade.

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