À primeira vista, aos olhos da medicina convencional, pode parecer uma incoerência uma clínica de longevidade propor argumentar contra as estatinas. Afinal, os inibidores da HMG-Coa redutase, por 30 anos são úteis em reduzir o colesterol ruim, desta maneira, responsáveis por diminuir a mortalidade por doenças cardiovasculares. 

Sinvastatina, atorvastatina, rosuvastatina e lovastatina, alguns dos tipos de estatinas, são então consideradas um símbolo do avanço da medicina para a extensão da vida.  

Mas será que os fins justificam os meios?  Isto é:  toda essa atenção científica e recursos empregados no processo de validação de moléculas artificias é o melhor que nós somos capazes de fazer para assegurar a sobrevida da humanidade?

O questionamento que me leva a escrever esse artigo pode (e deve) ser aplicado a qualquer outro medicamento de uso crônico que, com a legitimidade da prescrição médica, são utilizadas para o resto da vida.

Se você é um estudioso, médico e, principalmente, cardiologista, eu peço para que leia de coração aberto os meus argumentos e, se possível, comente no final. Sua opinião é importante para evoluirmos esse conhecimento.

Veja o que você vai encontrar aqui:

Para uma Longevidade sustentável o ideal sera reduzir o colesterol sem estatinas

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Reduzir o colesterol no sangue através de inibição enzimática

Aprendemos nas aulas de fisiologia e fisiopatologia, logo nos primeiros anos da medicina, sobre as alterações que acontecem na saúde e nos processos de adoecimento.

Seguindo o pensamento médico convencional associado à farmacologia, compreendemos os processos metabólicos para então propor meios de bloqueá-los. Assim, muita atenção e esforço são empregados para validar novos meios de inibir farmacologicamente vias envolvidas nos processos patológicos.

No início havia apenas os inibidores da HMG-Coa Redutase, enzima-chave na síntese intracelular do colesterol no fígado e um importante alvo terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia.

Além das estatinas, novas moléculas vem sendo estudadas com a finalidade de inibir reações químicas que envolvem o colesterol alto. Apenas para exemplificar,  Diretriz Brasileira de prevenção de dislipidemias e ateroesclerose informa as seguintes :

  1. A inibição da proteína NPC1-L1, com consequente inibição seletiva da absorção intestinal do colesterol, tem sido reconhecida como importante alvo terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia.
  2. A montagem hepática da VLDL também tem sido reconhecida como foco terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia, seja pela inibição da síntese de Apolipoproteína B 100 (ApoB), ou pela inibição da MTP.
  3. A CETP(do inglês cholesteryl ester transfer protein) vem sendo testada como alvo terapêutico no tratamento de dislipidemias, em particular no tratamento da HDL baixa, e na redução do risco cardiovascular.
  4. A inibição da PCSK9, outro potencial foco na terapêutica da hipercolesterolemia, bloqueia a degradação do LDLR, com maior capacidade de clearance do Colesterol LDL circulante.

A síntese de novas novas moléculas é a solução para a viver mais?

Tenho certeza que com o passar dos anos mais novas drogas serão disponibilizadas no mercado. Eu realmente sinto que o esforço científico que valida drogas é desporporcionalmente maior do que o esforço para encontrar meios mais sustentáveis de tratar os pacientes. E vou além, eu questiono a real necessidade de investir no desenvolvimento de novas moléculas artificiais.

Realmente não acho que é dessa ciência que a humanidade precisa e vou explicar o motivo. Certa vez perguntei a uma especialista em etinofarmacologia o que as índias da Amazônia sabiam a respeito da anticoncepção.

A etnofarmacologia, em resumo, pesquisa as propriedades medicinais da fauna e da flora que serão usadas pela indústria farmacêutica para a síntese de novas moléculas. Ela disse que tem erva, isoladas ou em associação, para tudo; “como pílula do dia seguinte, como anticoncepcional para homem e mulher, como abortivo, para parar menstruação e até induzir menopausa”.

Achei incrível esse conhecimento tradicional, validado por gerações e me perguntei, por que ele não está tão acessível quanto o uso drogas? Seria porque os recursos científicos estão direcionando sua atenção para a síntese de novas moléculas inibitórias de um processo fisiológico? Constato que a inibição de enzimas é muitas vezes o único recurso disponível para a terapêutica médica convencional.

Tratamentos supressores é o termo mais apropriado que encontrei para descrever genericamente condutas que cronicamente inibem processos biológicos sob o pretexto de estender o tempo de vida, ou melhor, da doença de pacientes. Supressão é exatamente o que ocorre na terapêutica farmacológica que envolve o colesterol alto no sangue.

Aumento do colesterol no sangue só serve para produzir a placa de ateroma?

Por que a cardiologia persiste no combate ao colesterol como alvo da terapia supressora de tratamento e prevenção cardiovascular?

A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial, que ocorre em resposta à agressão endotelial, ou seja, nas paredes das artérias, mais precisamente na camada íntima de artérias de médio e grande calibre.

Em geral, as lesões iniciais, denominadas estrias gordurosas, formam-se ainda na infância e caracterizam-se por acúmulo de colesterol em macrófagos. Já formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular. Diversos fatores de risco são conhecidos, como a dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo.

Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção destas no espaço subendotelial. Retidas, as partículas de LDL colesterol sofrem oxidação, causando a exposição de diversos neoepítopos, tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na parede arterial é o processo chave no início da aterogênese e ocorre de maneira proporcional à concentração destas lipoproteínas no plasma.

Esta descrição da fisiopatogênese da placa de ateroma não explica, afinal das contas, qual a finalidade do “colesterol ruim”, o Colesterol-LDL. Por que nós, médicos e demais estudiosos, não nos questionamos para compreender a coerência da natureza? Por que a inteligência biológica, em sua sabedoria divina, aciona o fígado para aumentar a produção endógena de LDL? Por algum motivo ela quer colesterol-LDL!

Ou será mesmo que o nível de colesterol-LDL sobe unicamente para produzir uma placa de ateroma? A natureza humana está se alto destruindo? É um erro genético?

Isso não faz sentido para mim. Se nós fossemos realmente tão cheios de falhas genéticas como a medicina convencional pensa, nossa espécie já teria sido extinta do planeta muito antes da ciência  descobrir a existência do DNA.

A fisiopatologia convencional se limita a descrever o que aconteceu de errado, afinal, isso é o necessário para inibir com drogas e perpetuar doenças crônicas. Todavia, se queremos reverter processos patológicos, vamos precisar pensar fora desse padrão para descobrir verdadeira finalidade do colesterol-LDL, ou seja, o que de fato ele está fazendo ali. Por que ele não é um colesterol bom?

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Qual a finalidade do colesterol?

Em uma perspectiva diferente, ao invés de descrever o envolvimento do colesterol alto no processo patológico, é preciso entender a finalidade do colesterol-LDL no processo, e para isso, temos que reconhecer, dentre as funções fisiológicas do colesterol, aquela que está sendo requerida diante do processo patológico vigente.

O colesterol é precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D. Além disso, como constituinte das membranas celulares, o colesterol atua na fluidez destas e na ativação de enzimas aí situadas.

Na busca pelo conhecimento, encontrei a homotoxicologia, uma linguagem médica alemã que me forneceu insights para entender a doença de uma outra forma: A enfermidade como a melhor expressão diante da agressão que o organismo sofre. Assim, a doença seria a falência dos mecanismos adaptativos que não suportam mais tanta agressão.

Na aterosclerose, a agressão direta é inflamação crônica endotelial. Esta agressão requer uma resposta fisiológica e adaptativa que tende para a regeneração endotelial. E o que é o colesterol senão uma molécula estrutural da membrana celular?

Só que a inflamação crônica mantém-se a peroxidação lipídica que agride, obviamente tanto o colesterol-LDL quanto as próprias membranas celulares. O sistema imunológico é naturalmente ativado, como um processo fisiológico diante de uma agressão. Assim, todos os processos biológicos existem para cumprir sua finalidade fisiológica, mesmo diante de uma patologia.

E o que fazemos? Atuamos de forma supressora, na inibição enzimática com o uso de drogas para o resto da vida. Quando na verdade, deveríamos entender os mecanismos de aumento do colesterol para evoluir a ciência que auxilia a natureza.

Abaixar o colesterol pode causar diabetes, mas quanto ao câncer?​

A lógica médica convencional de supressão através da inibição enzimática invariavelmente trará consequências para o organismo. Se as consequências se revelam rapidamente, a droga nem é aprovada ou sai precocemente do mercado. Entretanto, outras consequências permanecem desconhecidas por anos até que a experiência clínica monitorada seja capaz de precisar a real consequência das intervenções que contrariam a fisiologia.

Praticamente após 30 anos de uso das estatinas, só agora está claro que seu uso crônico provoca hiperglicemia.

Em uma revisão sobre o temaduas meta-análises de ensaios clínicos com estatinas indicam que ela aumenta o risco para diabetes em 9 a 12%. A incidência de diabetes é ainda maior nos estudos observacionais: 18% a 99% em 5 estudos. O número é menor nos ensaios clínicos pois não se imaginava (ou não interessava constatar) que remédios para reduzir o colesterol total no sangue poderiam provocar hiperglicemia.

Então, a incidência de diabetes não era um desfecho procurado nas pesquisas, logo, a hemoglobina glicada e glicose não eram mensuradas rotineiramente e por isso, surpreendentemente, o risco aumentado da incidência de diabetes esteve subestimado todo esse tempo.

Os ensaios clínicos que validam drogas não se atentaram a monitorar dois marcadores tão corriqueiros na prática clínica, como a glicose e Hb glic, deixando na obscuridade o envolvimento da estatina no diabetes por décadas. Esta constatação me levanta coisas ainda mais sérias sobre a segurança do uso de medicamentos para o resto da vida.

Quem me garante que agora estejam monitorando, por exemplo, os marcadores tumorais? Afinal, onde a mortalidade por doença cardiovascular diminui as pessoas morrem agora de câncer. Podemos descartar completamente a possibilidade da inclusão de novas moléculas que sequer existiam há menos de 50 anos estar envolvida em uma epidemia de câncer?  Devemos, pela falta de evidência,  simplesmente ignorar essa possibilidade?

Mesmo o diabetes sendo fator de risco e agravante da doença cardiovascular, que, igualmente como o colesterol alto, aumenta a mortalidade. O consenso científico legitima as estatinas pois, aos olhos das evidências, os “benefícios mensurados” superam os “riscos conhecidos”.

Continuamos na mesma de esperar o tempo dos estudos observacionais, eu tenho fé que com a tecnologia atual de análise de dados, serão necessários dessa vez, bem menos de daqui 20 anos para que a coerência fisiológica seja validada pelas elas evidências.

Mitohormese: o paradoxo da miotoxicidade e a cardioproteção que envolve medicamentos que reduzem o colestorol

Os sintomas associados ao músculo esquelético (SAMS, skeletal muscle-associated symptoms) são a causa mais comum de suspensão do uso das estatinas e acometem 30% dos pacientes em uso deste medicamento. Os desconfortos mais comuns são a fadiga, fraqueza e dor, que podem ou não vir acompanhadas de aumento de CPK; O efeito adverso potencialmente fatal associado a estatina, a rabidomiólise é menos comum.

Os mecanismos conhecidos de lesão muscular esquelética indica que ela induz a disfunção mitocondrial, interferindo na cadeia respiratória, o que depleta o ATP e aumenta estresse oxidativo.

O paradoxal é como isso que acontece no músculo esquelético, não é observado no músculo estriado cardíaco? Ao contrário, no cardiomiócito, estudos já comprovaram que a atorvastatina induz a ativação da biogênese mitocondrial e melhora as capacidade antioxidativa do coração. Sabemos que a atorvastatina induz a formação de radicais livres tanto no músculo esquelético quanto no coração, contudo, o tecido cardíaco apresenta uma resposta compensatória diferenciada.

Esta resposta precondicionada ou adaptativa a baixos níveis de estresse oxidativo observados nos testes invitro com a atorvastatina, acontecem a nível mitocondrial se tem sido descrita em literatura como mitohormesis. A mitohormese pode também ser induzida induzida pelo exercício físico, restrição calórica e de glicose, formas obviamente mais sustentáveis que a atorvastatina.

Vemos aí novamente a sabedoria divina: enquanto, com os medicamentos, o músculo esquelético inflama e atrofia. Se o músculo cardíaco inflamar e atrofiar da mesma forma, o indivíduo morre precocemente. Portanto, por ser altamente especializado e indispensável à vida, o coração tem que se adaptar.

Ponto para a estatina? De forma alguma! Se esse é o argumento, há formas muito mais inteligentes de induzir a mitohormese, estimulando as reservas mitocondriais e capacidade antioxidante de todo o sistema sem comprometer tecidos menos nobres como a pele o músculo.

Quando o convencional não é suficiente para a Longevidade sustentável

Então o que explica o efeito cardioprotetor das estatinas é o mesmo que lesiona a célula muscular: o estresse oxidativo. E se conseguirmos modular o estresse oxidativo, aumentando as defesas anti-oxidantes de todo o corpo? Esse é exatamente o mecanismo de ação da ozonioterapia, ativar mitohormese sem induzir a hiperglicemia nem provocar miotoxicidade. Vamos pesquisar isso?

A intoxicação crônica por metais pesados, como chumbo, arsênio e mercúrio também interferem no metabolismo energético mitocondrial, tais metais já estão aumentados nos pacientes hipertensos que na população normal. Será que a redução da sobrecarga tóxica com terapias de quelação tem efeitos benéficos? Por que não pesquisar também isso?

Vimos que o colesterol LDL aumentado é uma resposta compensatória hepática à inflamação crônica. Então, ao invés de ficar sintetizando novas moléculas que bloqueiam a bioquímica para se preocupar com os efeitos colaterais, por que não focar nossa atenção em evoluir tecnologias para melhora do estilo de vida? Combater as causas da inflamação, auxiliando na autorregulação do corpo, ao invés da supressão;

O que seria das doenças cardiovasculares se as tratássemos de outra forma a inflamação crônica;

Se eu pudesse escolher, para não me prolongar ainda mais, eu incluiria na minha terapêutica de doença cardiovascular, além da ozonioterapia, no mínimo essas duas condutas complementares:

  • Desintoxicação de metais pesados com terapias de quelação. 
  • Reeducação alimentar para tratamento a acidose metabólica induzida pela dieta.

Quem viveria mais tempo e com mais qualidade de vida? Quem sabe um dia teremos essas respostas.

Então, você que leu até o fim, deixe aqui seu comentário. Mostre aquilo que não faz sentido e também aquilo que você concorda. para nossa longevidade sustentável, precisamos evoluir nesses conceitos.

Referencias bibliográficas

No próprio texto você encontra os hiperlinks para alguns dos artigos que suportam a minha opinião.
Aqui também coloco outras mais referências interessantes.

  1. Liao J. K. (2012). Mitohormesis: another pleiotropic effect of statins?. European heart journal, 33(11), 1299–1301.
  2. Bouitbir J, et all. Opposite effects of statins on mitochondria of cardiac and skeletal muscles: a ‘mitohormesis’ mechanism involving reactive oxygen species and PGC-1. Eur Heart J. 2012 Jun;33(11):1397-407.
  3. Taylor BA, Thompson PD. Statin-Associated Muscle Disease: Advances in Diagnosis and Management. Neurotherapeutics. 2018 Oct;15(4):1006-1017.
  4. Bouitbir J, Sanvee GM, Panajatovic MV, Singh F, Krähenbühl S. Mechanisms of statin-associated skeletal muscle-associated symptoms. Pharmacol Res. 2019 Mar
  1. Bitzur R,et all. Intolerance to statins: mechanisms and management. Diabetes Care. 2013;36 Suppl 2(Suppl 2):S325–S330.
  2. Galtier F, et all. Effect of a high dose of simvastatin on muscle mitochondrial metabolism and calcium signaling in healthy volunteers. Toxicol Appl Pharmacol. 2012 Sep 15;263(3):281-6.

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