Evolução para a longevidade: Atividade física com consciência na respiração
Agradeço especialmente ao terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, Juan Sebastina Isaza Olarte, cujo conhecimento foi importante para a redação deste artigo.
Fisiologia Comparativa: Bioquímica e Medicina Tradicional Chinesa
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) nos traz uma ótica muito particular com explicações, ao mesmo tempo complexas e simples, sobre a importância do movimento para o corpo humano. Considerando que a longevidade dos povos asiáticos é um fato, convém entender o que essa cultura tão antiga apresenta como lição.
A primeira delas é que eles acreditam que todos nós possuímos uma energia vital chamada Qi ou Chi e que essa energia vital está associada ao Xue, que significa sangue.
A falta de movimento, um movimento que desrespeita a biomecânica ou a adoção de posturas incorretas promoveriam uma estagnação do fluxo correto do Qi e comprometeriam o Xue. Nesse ponto, o raciocínio é complementar à lógica da bioquímica convencional.
Vemos na bioquímica que a atividade física envolve a estrutura biomecânica integral do corpo e estimula principalmente a função cardiorrespiratória, facilitando o transporte, o metabolismo e a excreção de resíduos tóxicos.
Assim, o movimento aumenta a perfusão e eficiência energética ao nível bioquímico.
Uma boa capacidade respiratória aumenta gradualmente a concentração de oxigênio no corpo e potencializa a respiração celular, o que é fundamental na geração de energia para os processos vitais
Pouca gente sabe, porém, que o processo de geração de energia promovido pela atividade física gera como subproduto a água. Então a eficiência desse processo ajudará a manter a hidratação a nível celular melhorando assim nossos músculos, ossos e pele.
A quantidade de movimento também tem que ser avaliada. Se a atividade física ocorre em excesso, vai ocasionar estresse oxidativo, acelerando o processo de envelhecimento. Precisamos refinar nossos olhares para encontrar o equilíbrio para nós mesmos.
No artigo anterior falamos sobre: “Três segredos para envelhecer com saúde e vitalidade”.
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Nesse ponto as duas correntes de pensamento – ocidental e oriental – se apoiam. Movimento é vida. O que não se mexe, estraga ou enferruja. A MTC, entretanto, se aprofunda no processo sutil e exemplifica como a estagnação ou “energia parada” interage com a localização de processos de adoecimento.
Compreende-se que o ser humano interage com o ambiente, assim, energias externas como o frio ou calor, também conhecida como energia climática LiuQi, podem invadir a estrutura energética humana e também ficarem estagnadas.
A localização dessa estagnação, correspondente aos meridianos descritos pela anatomia energética chinesa, irá determinar a manifestação de sintomas físicos como dores, tensões e rigidez.
O entendimento desse processo permitiu o desenvolvimento da conhecida técnica de acupuntura que já tem comprovação científica para inúmeras aplicações.
A duração, ou em jargão médico a cronicidade, dessa estagnação energética com a falta de fluxo de Qi pelos canais principais e colaterais (meridianos de acupuntura) leva à falta de fluxo de Xue (sangue).
A redução da perfusão tecidual, nome técnico para a falta de fluxo de sangue nos tecidos, é também o que ocorre para o agravamento de diversas doenças crônicas descritas pela medicina convencional.
Movimento pela medicina tradicional chinesa
Ao compreender esses mecanismos e explicar ao seu modo, a sabedoria milenar chinesa desenvolveu técnicas que facilitam e estimulam o fluxo de Qi.
Tais “ginásticas” são tradicionalmente comuns entre idosos e também popularizadas no ocidente, como o Tai Chi Chuan (taitsi tshuan) ou Qigong (chi kung).
São algumas das particularidades dessas práticas orientais:
Sincronizar o movimento com a respiração:
Os exercícios são feitos com consciência dos movimentos respiratórios. Como por exemplo, o final da respiração corresponder ao final do movimento.
Propriocepção e consciência somática:
Reconhecer a localização espacial do corpo, seu equilíbrio, a força dos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais trazendo consciência para o movimento que executamos.
Privilegiar giros e circularidade:
Criar movimentos articulares em forma de giro ou de roda. Acredita-se que são capazes de facilitar a desobstrução do fluxo de Qi e Sangue, potencializando os resultados da prática física.
Manter o fluxo energético livre
Essa desobstrução constante assegura o equilíbrio dos processos fisiológicos energéticos, fortalece o sistema defensivo, conhecido como WeiQi e previne a entrada do fator patógeno ou XieQi, relacionados, por exemplo às infecções virais e bacterianas.
Aplicação de Clínica de Longevidade para Evolução
Em experiências com mestres em diversas áreas relacionadas ao movimento, eu pude observar princípios descritos e aprofundados pela Medicina Tradicional Chinesa.
Isso me permite propor que a aplicação consciente dos conceitos de fluxo de Qi e sangue à qualquer prática de atividade física poderá otimizar a eficiência do movimento.
Um bom exemplo? Incorpore o benefício do giro e da circularidade observadas em diversos tipos de danças para estimular também o fluxo de Qi.
Durante a musculação ou qualquer outra atividade física contemporânea, sincronize o movimento à respiração para aumentar sua eficácia.
Por último, perceba seu corpo e durante a atividade do movimento sem fazer as coisas no “automático”.
A consciência constante ao ato de respirar é algo que se repete na minha busca de conhecimento para a longevidade. Eu mesma busco exercitar essa consciência a todo instante que respiro e utilizo a respiração como um parâmetro de referência de que estou atenta ao presente momento.
Tente você também manter consciência da sua respiração enquanto pratica atividade física ou mesmo aqui, enquanto lê esse blog.
Por favor, deixe aqui seus comentários e percepções para que a gente evolua esse conhecimento.
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Escrito pela Dra. Suellen Vieira Araújo (CRM-RJ 95182-0)
Confio na capacidade inata do corpo humano de curar-se. Este maravilhoso corpo humano, com uma mente inteligente e disciplinada, munida de conhecimento, será capaz de se manter saudável e equilibrado, sozinho, com autonomia e sustentabilidade.
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